segunda-feira

DIETA NÃO EMAGRECE


Olá Amigos, no meu último texto, Atividade física Não Emagrece, eu relatei pra vocês que o grande benefício da atividade física convencional não é emagrecer e dei atenção ao déficit calórico (aguardem novos textos sobre os grandes benefícios do treinamento desportivo para o emagrecimento e as práticas mais eficazes) e agora eu chego com esse novo texto com o título “Dieta Não Emagrece”.

Pois bem, não sei se muitos de vocês sabem, mas o assunto obesidade e emagrecimento sempre fez parte da minha vida, pois eu fui uma criança obesa (aliás vou escrever em breve um texto sobre o tema obesidade infantil, na minha visão, cuidar das crianças é o único meio de massa para se tentar controlar o surto de obesidade e diabetes do futuro, e fica como dica para que vocês assistam no youtube dois belos documentários nacionais: Criança a Alma do Negócio e o Muito Além do Peso) e faz parte de minha área de atuação profissional, então, estudo muito e vivo na prática este tema, estou me defrontando com uma possível quebra de um velho paradigma, o qual diz que: o grande motivo por engordarmos é o excesso de calorias ingerido e o gasto calórico diminuído e para emagrecer ou controlar o pesos deve-se, ingerir menos calorias e gastar mais, obvio não?

Era, pois graças aos avanços da ciência já podemos traçar algumas outras linhas de raciocínio baseadas nas evidências cujas quais podem em breve, derrubar esse paradigma. Por isso por favor, paremos de rotular obesos, você, ao longo dessa série, vai entender o por quê.

E como me defrontei com essas novas premissas há pouco tempo, eu até precisaria reescrever meu texto anterior, porém, o déficit calórico ainda é um fator emagrecedor, me parece que não mais o mais eficiente, mas é, e como a questão da baixa ou nula contribuição da atividade física convencional para o emagrecimento e as diferenças entre fazer atividade física convencional, exercitar-se e treinar ficou bem didático, o texto é muito pertinente e muito válido para fins de conteúdo e aprendizado sobre os expostos.

Em fim, vamos encarar os fatos porque você deve estar curioso e busca soluções e eu quero ajudar muito você a ter resultados práticos, e por isso meu papel aqui será reproduzir informações baseadas em evidências científicas e muitas com comprovações por sérios estudos de maneira didática e prática e que lhe tragam resultados e como esse assunto é extenso, vou neste texto, explicar porque dieta não emagrece e vou dividir esse universo, sendo este, o segundo texto da série Porque Engordamos e os demais serão: as grandes causas destes porquês em 3 ou 4 textos.

Vamos lá:
Primeiro entenda que Dieta aqui deve ser entendido como: qualquer estratégia nutricional com restrição calórica e refeições fracionadas e emagrecimento como: eliminar o peso de gordura excessivo de maneira eficaz, ou seja, que não volte a ganhar o que se perdeu.

Em um grande estudo, top de linha, uma Meta-Análise, publicado no The Journal of American Medical Association, vol 312, nº 09, em setembro de 2014, agrupou os resultados de emagrecimento de 7286 indivíduos, comparando 11 dietas famosas diferentes usando vários processos matemáticos para comparar os resultados de uma dieta com a outra, os autores concluíram que ainda não existe uma dieta milagrosa e que na média todas as dietas não apresentaram diferenças significativas em termos de resultado, ou seja, tem o mesmo impacto significativo, algo em torno de uma redução de 8Kg, se comparando a quem não relatou fazer dieta nenhuma, outra questão importante apontada foi que em boa parte delas houve reganho de peso e que quanto mais difícil e fora dos padrões ou hábitos das pessoas maior é a dificuldade de adesão as dietas.

Portanto, fazer dieta, qualquer uma, já denota um viés de sofrimento, pois já aponta uma redução da quantidade de alimento que se come e que cortes de alimento que se gosta serão inevitáveis.

E porque dietas, com grande déficit calórico geralmente são fadadas ao fracasso?

Você já deve ter percebido que ao se “cortar” muitas calorias da alimentação ocorre de fato um emagrecimento rápido, porém este vai diminuído e algumas sensações vão deixando a pessoa cada vez mais desmotivada e ansiosa? Infelizmente, ou felizmente, nosso organismo aprendeu a preservar a vida e quando há um corte calórico nosso metabolismo vai dar um jeito de se adaptar e gastar menos calorias, assim o metabolismo basal se altera para menos gasto e se torna mais eficiente em acumular e assim a pessoa começa a sentir-se cada vez mais fadigada, indisposta a exercícios e a sonhar com o bolo de chocolate da vó todos os dias, é ou não é verdade? E assim nosso cérebro que antes estava “acostumado/viciado” em calorias, principalmente as advindas dos carboidratos simples, nos sabota e a luta para não comer é perdida e a pessoa volta aos velhos hábitos e como nosso metabolismo se tornou mais eficiente em acumular e agora a oferta calórica voltou a ser grande, nosso metabolismo entende justamente assim: “esse maluco me deixou sem comida, agora vou armazenar tudo o que eu puder, porque daqui a pouco ele vai me deixar sem novamente” e assim engorda-se o dobro do que foi perdido tornando novamente o metabolismo da insulina desequilíbrado e os processos inflamatórios subclínicos voltam à picos no tecido adiposo e em outros tecidos e o campo para a resistência à insulina e  à leptina estão armados novamente.

No cérebro pessoal, isso é um processo neuroquímico que ocorre em sinergia em nosso organismo, pois os processos de fome e saciedade são controlados pelo hipotálamo no cérebro e isso tem relação direta com as ações da insulina e da leptina (aguardem os próximos textos) e como se não bastasse, essa região do cérebro está envolvida com o sistema de recompensa, ou seja, a mesma região envolvida no sistema de neurotransmissão canabinóide, a qual está associado às ações de substâncias psicoativas e que causam dependência, como cocaína, maconha, álcool, etc. Trocando em miúdos: alta oferta alimentos como os carboidratos simples de alto índice glicêmico (trigo e açúcares, e as misturas bombásticas: trigo, açúcar e gorduras hidrogenadas ou saturadas misturadas a eles) podem provocar dependência, haja visto, casos de obesos que fizeram cirurgia bariátrica converteram seu “vício” em comida para outros vícios, uma vez que não conseguem comer mais da mesma forma de antes, portanto, meus amigos, o assunto obesidade é para ser levado a sério sobre qualquer olhar preconceituoso ou simplista.

Continuando!

Veja o que diz o respeitado médico canadense Dr. Jason Fung “Virtualmente todos os estudos feitos com dietas de baixa caloria são incrivelmente similares e mal sucedidos. É um histórico de 35 anos de fracasso total.[1]. E ainda, um estudo feito [2] analisando os dados do Weight Watchers, que é o maior site/programa de dietas dos EUA, com centenas de milhares de pessoas seguindo, o qual prega a mesma ideia de se contar calorias, pontos, comer menos, cortar gorduras, se exercitar mais, etc, mostrou que: somente 2 pessoas a cada mil conseguem manter o peso perdido por 5 anos. Ou seja, uma taxa de sucesso de ínfimos 0.2%, ou, em outras palavras, uma taxa de fracasso de 99.8%.

O que então, de fato, parece funcionar para Emagrecer?

Nas palavras de um dos médicos mais respeitados do mundo, endocrinologista e membro da universidade de Harvard, Dr. David Ludwig: “A solução [para o emagrecimento] está em mudar O QUE comemos e não o QUANTO comemos.” Em outras palavras, o que te faz ganhar peso (e também emagrecer de vez) é a  QUALIDADE do que você come e não a QUANTIDADE do que você come!
Considere este estudo recente feito pelo Dr. David Ludwig de Harvard.
Um grupo de 21 adultos e os seguiram por 7 meses.
Primeiro, dividiram estas pessoas em 3 grupos:

  • Grupo 1 seguiria uma dieta alimentar idêntica à que o governo sugere (integrais, pouca gordura, etc).
  • Grupo 2 seguiria uma dieta alimentar similar à do Mediterrâneo (seguida por vários países da Europa).
  • Grupo 3 seguiria uma dieta alimentar mais alta em gorduras e mais baixa em carboidratos.

Todas as 3 dietas alimentares consistiam do exato mesmo número de calorias.
Resultado?
“Nós vimos que os participantes do grupo 3 queimaram por volta de 325kcal por dia a MAIS do que o grupo 1. Essa diferença é equivalente a uma hora de exercícios físicos vigorosos, sem que eles tivessem que levantar nem um dedo pra isso.” [3]

Pois bem, essa é outra questão interessante que sempre me chamou a atenção, porque a maioria das dietas ainda dá mais ênfase na restrição de gorduras do que aos carboidratos não levando muito em consideração a ação da insulina, este hormônio simples mais complexo ao mesmo tempo, cujo qual se evidencia como o grande vilão do emagrecimento e ator principal na questão do ganho de peso e obesidade, além disso, a nova ciência vem desvendando outros mistérios da obesidade e dos fracassos nas estratégias de tratamento ou combate à doença, a qual possui perspectivas de crescimento nada animadoras.

Então é isso, se você gostou do que leu e está acima do peso ou obeso ou quer simplesmente cuidar da sua saúde, minha sugestão é, além de sempre se informar de maneira qualitativa, procure um nutrólogo ou nutricionista e um treinador atualizados pois muita coisa vem sendo desvendado sob à luz da  biologia molecular em relação à nutrição e exercícios físicos e os fenômenos da obesidade e emagrecimento.

E nos próximos artigos vou trazer pra vocês, na continuidade desta Série Porque Engordamos, as grandes causas deste porque. E já te adianto que a próxima série vai entrar de cabeça na Motricidade Humana e trazer para vocês quais os melhores treinos pra você emagrecer e ganhar em muita saúde e performance vital.
Grande abraço e até a próxima.

Referências
[1] Dr. Jason Fung: “The aetiology of obesity, part 1 of 6: A New Hope”
[2] Weight Watchers Works. For Two Out of a Thousand. (And They Probably Weren’t Fat to Begin With) https://fatfu.wordpress.com/2008/01/24/weight-watchers/

[3] Livro “Always Hungry?” By David Ludwig, MD, PhD, 2015.

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