Desde a eliminação do Brasil na copa de 2022, venho aguardando o desfecho do mundial para escrever esse texto, que me permito publicar por alguns motivos, primeiramente por ser profissional graduado em ciência do Esporte depois, por ter vivido como atleta de futebol federado dos 14 aos 19 anos buscando o sonho de boa parte dos brasileiros que é ser jogador de futebol e apesar de ter realizado alguns treinos no profissional não consegui me profissionalizar ou ganhar algum dinheiro expressivo com esse esporte, mas, apesar de não ter tido sucesso devo a ele muito, pois através do futebol fiz muitas amizades, adquiri respeito na minha cidade, conheci diversos lugares, pessoas maravilhosas, outras nem tanto, haja visto, péssimos treinadores ou mentores que tive principalmente nas fases decisivas que um jovem atleta passa que são pontos de inflexão que decidem se esse atleta terá ou não sucesso em um esporte, porém não culpo ninguém e assumo toda responsabilidade dos meus resultados nesse esporte e por esses motivos aliado a minha paixão por esse esporte tão fantástico acredito ter um pouquinho de crédito para expor algumas opiniões.
Quero começar falando do
histórico jogo da final entre França e Argentina para linkar com a análise
final que tenho sobre o nosso futebol, começo com a frase que ouvi do falecido
capitão da copa de 70 Carlos Alberto, “copa do mundo não tem zebra” ela até
ronda, mas no final, desde seu início quem continua a levantar a taça mais
desejada do mundo é sempre o seleto grupo de times que conhecemos, bem, sem
sombras de duvidas hoje assisti um dos, senão o melhor jogo de futebol da minha
vida em termos de equilíbrio e todo contexto de uma partida desse tamanho, foi
uma verdadeira aula de futebol de alto rendimento, tanto dos jogadores onde
tivemos o privilégio de ver o atual “rei” do futebol sendo consagrado merecidamente
pelo fenomenal atleta e profissional, diga-se de passagem que é, um pequeno
grande homem chamado Lionel Messi que pelas honrarias divinas o consagrou em
sua última copa, consagrou quem nunca desistiu mesmo sob duras críticas e
pressões que ele carregava enquanto herdeiro da camisa 10 de Diego Maradona não
tendo resultados expressivos na seleção de seu país, que bateu na trave aqui no
Brasil, o jogou no chão em 2018 e se levantou desde a vitória contra o Brasil
no Maracanã na última Copa América se consagrando agora aos 35 anos tido como
velho, ah que velho, o vovô Messi se consagra, foi magnífico e merecido mesmo
sendo tão difícil torcer para a Argentina, mas hoje os amantes do futebol
bateram palmas para a seleção hermana e seu tenor que passa sua coroa a outro
fenômeno que surge, Mbappe, que jogador magnífico estamos podendo assistir e
esse time da França que apresenta uma geração muito forte com jovens promessas
de uma nova linhagem de atletas de futebol que consegue aliar uma alta força
física com técnica, tática e velocidade, sim, hoje foi uma aula, 2 técnicos que
colocaram seu DNA pra fazer a diferença, um deles, um jovem da Argentina em sua
primeira copa, surpreende a França com uma escalação ousada com o talentoso Dimaria
invertido em sua posição e uma forte linha para barrar Mbappe e Griesman e nos
ofereceu um primeiro tempo impecável fazendo seu oponente iniciar uma série de
alterações injetando jovens desconhecidos na equipe francesa, mudando seu time e conseguindo
reverter a vantagem em 2 minutos magistrais de seu craque que se torna o atleta
e único, a marcar 3 (4 se contar o pênalti da decisão) gols em uma final de
copa do mundo, o Hattrick mais caro da história rsrs, foi um espetáculo, uma
aula, memorável...
Vamos falar da gente? Dessa forma,
brinquei em um grupo de amigos hoje durante o jogo, espero que Neymar, Antony,
Rafinha, Casemiro e Tite tenham visto Dimaria, Messi, Mbappe e De Paul jogar
Ah, antes de seguir, decisão por
pênaltis caro leitor, é como jogo de truco, fazer a primeira é fundamental,
portanto, os craques devem bater o primeiro sempre, primeiro por serem quem são,
segundo pela responsabilidade tremenda, e mais um ah! Alguém viu dancinha após
os gols? Vi apenas quando o juiz apitou o final, gols se comemoram com
desabafo, com explosão, a tensão e concentração que um jogo geram no indivíduo
deve ser extravasada no momento do gol para toda aquela adrenalina ser
dissipada e o estado de atenção se renovar e ainda deve ser celebrada com
abraços para que essa energia seja compartilhada entre a equipe com a união das
forças, pois homens se fortalecem sob a presença de outros homens com objetivo
comum e não com dançinhas, estas devem ser deixadas para os momentos da celebração e
certificação derradeiras de algum resultado alcançado e não durante seu processo,
homens não dançavam durante batalhas sangrentas, as danças só aconteciam nas celebrações de um
objetivo grande conquistado ou numa festa de celebração pois a dança e as
brincadeiras relaxam, tiram a atenção e o foco, quem dança, pinta cabelos e
tira sarrinhos durante os processos são as crianças e adolescentes pois não
possuem nenhuma responsabilidade ainda em suas vidas e sua composição hormonal e idade favorece comportamentos como que falar alto, fazer besteiras e chamar
a atenção a todo momento, sim, nossa seleção é um bando de meninos em sua
maioria, haja visto o desabamento e o choro incontido quando são frustrados da mesma maneira que crianças quando recebem nãos de seus pais e as frustrações fazem os jovens muitas vezes
irem aos extremos teatrais por não saberem administrar suas emoções, falo assim
depois de ter um ano de muito aprendizado sobre saúde masculina, o verdadeiro
posicionamento de um homem adulto e constelação familiar, com certeza, todo clube
de futebol brasileiro deveria oferecer em algum momento aos seus atletas
aprendizado sobre saúde masculina e sessões de constelação familiar
principalmente porque muitos dos jovens brasileiros que buscam o futebol como
realização vem de famílias pobres e desestruturadas e assim desde muito tempo
os clubes não olham para a base (na Alemanha, os profissionais mais capacitados
e científicos trabalham nas bases em seus esportes, já no Brasil, como um clube
ou uma escolinha de futebol vai pagar um cientista ou um profissional
experiente, aqui a pirâmide é invertida, o menos capacitados é que trabalham
com crianças e jovens).
Nesse sentido, não estão se
preocupando se esses meninos estão virando homens de verdade, basta vermos o
bando de moleques da nossa seleção que viram milionários da noite para o dia,
se tornando verdadeiros Peter Pans, bem a sociedade moderna hoje vive uma crise
extrema do masculino na verdade, em todas as profissões e sociedades hoje vemos
homens fracos, verdadeiros meninos, sim, os clubes do futebol brasileiro e seus empresários estão criando verdadeiros Peter Pans.
Isso me parece ter sido reforçado
infelizmente logo após o penta campeonato (mas lá tínhamos 3 bolas de ouro em
campo os Rs mágicos – Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo e Roberto Carlos fora outros
picas) onde na copa de 2006 pareciam mais atores globais do que jogadores de futebol em seus treinos com música, fotos,
badalações chegadas aos jogos com pagode dentro do ônibus e reforçados pela mídia
nos embalos dos oloduns, frevos, sambas durante os jogos da nossa seleção, os
melhores técnicos que tive adotavam concentração antes dos jogos, seriedade,
estudo ao outro time e aquilo que cada jogador deveria fazer em campo, e
insistimos desde 2006 com essa verdadeira esbornia e parece que nem o 7x1 nos
fez criar vergonha na cara e encarar uma copa do mundo com a seriedade e
humildade que ela exige e seguimos vendo, essa nova geração, dançando, achando
que futebol é um monte de drible malabaristico sem direção ao gol ou para o time,
se importando com os likes que recebem, com as fitas nos braços, o ajuste da
meia, do penteado, a agua oxigenada no cabelo, um corte a cada jogo – até cabeleireiro
se leva hoje para uma copa do mundo e assim se esquecem que desde 2006 não
vencemos um jogo no quem é quem de verdade, contra uma seleção de respeito e
nas duas últimas então perdemos para Belgica e agora Croacia, países minusculos que
não possuem nenhum título nem de sub-região da europa em suas histórias.
Mas aí vem os cegos defensores ou neymarzetes dizendo: pode falar que como explicar o Marrocos e seu técnico que não teve tempo suficiente ao comando da equipe? como explicar o técnico da Argentina e sua pouco idade e resultados? como explicar o desvio da bola no zagueiro brasileiro? as duas primeiras porque tanto Marrocos como a Argentina tiveram alto poder de concentração e comprometimento com seu treinador e com o objetivo mas claro, tinham jogadores diferenciados pois não existem milagres no futebol e a terceira amigo, pode juntar a falta do que citei acima, menos bons jogadores, apesar de em termos de talento estarmos longe de um plantel de 2002, tínhamos um bom time se levarmos em consideração o nível do futebol mundial hoje, mas veja o que a Argentina fez com a Croácia depois... mas nem assim temos a humildade de reconhecer que deixamos a percepção e consciência de lado, imitando europeus e esquecendo nossa essência e apesar de sermos Brasil, vulgo para alguns o pais do futebol, será? Um pais gigantesco e multirracial onde todo garoto que nasce o pai deseja que seu filho seja um jogador contra uma Croacia, Alemanha, Belgica, Portugal, países pequenos, pouco miscigenados onde todo garoto que nasce o pai deseja que este seja médico, engenheiro ou advogado...pois é, até quando vamos ficar insistindo em contar com a gigante oferta de garotos que desejam ser jogador de futebol e não arrumar a casa tornando o futebol masculino do Brasil um esporte com hombridade.
Temos pompa, excesso de luxo – veja a quantidade de integrantes da delegação técnica do Brasil, o quanto se gasta numa copa do mundo com hotéis de luxo, hospedagem para familiares, ternos caros... o futebol não pode permitir isso, é um dos esportes mais populares, acessíveis e solidários do mundo, não se pode tornar uma seleção nacional, uma relíquia do país, que possui a camisa mais pesada do futebol mundial, num aglomerado de garotos celebridades nojentas que ninguém pode encostar ou chegar perto!
Em fim, e chegamos a mais um final de ciclo de copa com uma geração de
bailarinos de cabelos oxigenados batendo palmas para a Argentina e França (que apanhamos desde 1986) que vem
fazendo a lição de casa desde o final da década de 90 revistando as fases
finais de cada Copa desde lá melhorando seu futebol, cuidando da base,
melhorando seus técnicos e tornando seus atletas homens de brio.