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Matéria no Jornal de Piracicaba


Exercícios e alimentação saudável, dobradinha imbatível


Jornalista Maurício Petrocelli: mauricio@jpjornal.com.br


Quem é que nunca se incomodou com o peso ou com a silhueta saliente, principalmente quando eles são denunciados pela roupa favorita, que já reluta em entrar e não cai mais tão bem quanto antes?

Para o fisiologista do exercício e assessor esportivo Thiago Mattus Ribas, é nessa hora que a palavra emagrecer vem à cabeça. “Mas aí o ato de pensar e se planejar para perder os quilinhos extras pode esbarrar na ação, ou seja, na hora de fechar a boca e se engajar num programa de atividades físicas, únicas maneiras sadias de ficar enxuto”, comenta.

Apesar de as pessoas terem consciência disso, diminuir os excessos à mesa, alimentando-se de modo saudável, e fazer exercícios não são tarefas fáceis, pois mudanças de hábito e atitudes pró-ativas deverão acontecer. “Para isso, pode-se procurar a orientação de alguns especialistas”, sugere o fisiologista.


Etapas

Primeiramente, a fim de saber seu atual estado de saúde, deve-se começar por uma consulta com um médico da área, o qual avaliará se você possui ou não algum outro problema. “O segundo passo será a formulação da sua dieta, responsável por mais de 60% do sucesso da empreitada. É aí que entra o auxílio do nutricionista”, aconselha Ribas.

Com o aval médico e a programação alimentícia em mãos, é o momento da terceira fase: suar a camisa. Para isso, é importantíssimo receber a orientação de um profissional de educação física ou esporte. “Não é suficiente achar que somente caminhar no quarteirão com a vizinha, como se estivesse passeando no shopping, vai resolver. Se você é sedentário, isso pode até ter um efeito no início, mas logo não valerá mais, visto que nosso organismo necessita de estímulos diferentes a cada período para que a evolução continue. Para saber exatamente qual é a intensidade ideal, a quantidade de exercício diário e semanal e o tipo de atividade mais adequada a cada caso, é preciso a orientação de um profissional, porque o exercício deve ser individualizado a fim de ter o efeito esperado e se tornar um diferencial em seu programa de emagrecimento”, alerta o assessor.


Queima de calorias

De acordo com o especialista, a dieta, associada à atividade física, proporcionará um gasto calórico adicional considerável, além de contribuir para a manutenção da massa muscular, a qual é bastante castigada em programas de emagrecimento sem exercícios. As pessoas crêem que só se perde gordura quando se emagrece apenas com dieta, pois há uma diminuição considerável da ingestão de calorias, ocorrendo o que chamamos de equilíbrio energético negativo, ou seja, se o gasto calórico é maior do que o consumo, o organismo entra em um processo catabólico (perda) e o tecido muscular, como é um dos que mais necessita de calorias para ser mantido, gera uma demanda muito grande ao organismo. “Assim, como ele herdou a capacidade de preservar a vida, vai tentar preservar calorias eliminando também massa muscular na intenção de reduzir a taxa met abólica” explica.

Então a pessoa sobe na balança e fica feliz, porque vê que perdeu peso consideravelmente, porém, na hora em que o profissional da saúde faz a avaliação, vem à má notícia: ela perdeu mais músculos do que gordura em relação ao total de peso corporal perdido e as chances de recuperar todo o peso perdido é bem maior do que naquelas que fizeram exercícios e perderam peso de maneira gradual. “Isso acontece porque aquele organismo que estava em processo de defesa diminuindo o metabolismo e eliminando músculos, ao se incrementar novamente a dieta, fará o possível para armazenar as calorias extras que estão entrando e esse processo de defesa à vida vai fazer com que esse armazenamento aconteça em forma de gordura e não de músculos, pois, para o aumento ou a preservação da massa muscular, deverá haver um estímulo de sobrecarga externo, o exercício, o qual, além de proporcionar esse benefício, torna o metabolismo da gordura ma is eficiente”, descreve Ribas.


Bem-estar
Também quem se exercita adquire uma maior auto-estima, já que a atividade física provoca uma sensação de satisfação graças às endorfinas liberadas com a prática, além da melhora da estética corporal. Outro fator importante, conforme o educador, é que indivíduos que fazem exercícios possuem comportamentos mais determinados, pois a disciplina para realizar o treino o condiciona ao alcance contínuo de metas, fazendo com que adquira uma mudança de hábito positiva, adotando essa atitude para sua vida de modo geral.



Números da obesidade

A obesidade consiste em um generalizado ou localizado aumento excessivo na quantidade de gordura em relação ao peso corporal total e está comprovadamente associada a elevados riscos para a saúde. Nos Estados Unidos, até 2014, 30% da população pode tornar-se obesa; no Brasil, mais de 1/3 do povo já está com sobrepeso e, segundo as estatísticas, se o ritmo continuar como está, até 2045, pode vir a ser o país com mais obesos no mundo.

O aumento dos casos se deve à má alimentação, como, por exemplo, os fast-foods, que já fazem parte do cotidiano das pessoas no mundo moderno por se tratar de comida rápida. Segundo Ribas, com eles vêm as gorduras hidrogenadas e os carboidratos simples (feitos com matéria-prima refinada, por exemplo, farinha de trigo e açúcar) e principalmente à redução do gasto calórico ocasionado pelo sedentarismo, como assistir bastante televisão, brincar com jogos eletrônicos e usar a Internet. “Esse quadro tem um impacto muito grande nas crianças, contribuindo expressivamente para o aumento da obesidade infantil, o que preocupa, porque, de acordo com as estimativas, uma criança obesa tem 55% de chances de se tornar um adulto obeso”, adverte.

Como se isso não bastasse, a obesidade pode promover o aumento das chances de o indivíduo desenvolver outras patologias crônicas, como a hipertensão e a diabete. Conforme a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), cerca de 59,5 milhões de pessoas (31,3% da população) afirmaram ter pelo menos uma doença crônica no Brasil em 2008. Essa pesquisa apontou ainda que a hipertensão acomete mais de 14% da população pesquisada e a diabete, 3,6%.


Sedentarismo

Um dos principais agentes promotores dessas enfermidades é o sedentarismo, que é a falta de atividade física. Conforme um levantamento feito pelo Celafiscs (Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul), a partir da década de 90, já eram sedentários em São Paulo mais de 69% dos adultos, sendo que hoje o custo direto do sedentarismo representa 3,3% do total do gasto em saúde no Estado de São Paulo. Nos Estados Unidos, o custo per capita chega a 330 dólares, ficando evidente que, além de consumir calorias em excesso, a população não gasta energia de forma satisfatória. Caso você apresente um IMC acima de 30, já pass ou da hora de se preocupar em perder peso, visto que esse índice já indica um quadro de obesidade, podendo existir outras agravantes, como colesterol alto, hipertensão ou intolerância à glicose. “Depois não adianta ficar colocando a culpa na genética, dizendo que possui tendência para engordar, já que se sabe que ela tem uma contribuição bem menor do que o ambiente (alto consumo de calorias)”, conclui Ribas.


Palestra gratuita
O fisiologista do exercício Thiago Mattus Ribas ministrará uma palestra gratuita sobre o tema, intitulada “Emagreça e mantenha o peso desejado com exercícios físicos: como adquirir esse hábito e torná-lo um estilo de vida!”. O evento acontece no dia 23 de junho, às 19h30min, na avenida Independência, 3.750.

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